HOJE - Comerciante em Catanduva, China leva uma vida tranqüila ao lado da família e torce pelo crescimento do filho Rafael Ueta (dir.), que seguiu a carreira do pai e há cinco anos joga na Ponte Preta |
CHINA
Meia-esquerda habilidoso, criativo e que conduzia o time ao ataque, China foi revelado pelo Palmeiras, conquistou o título do Brasileiro de Seleções Estaduais por São Paulo e do Pré-Olímpico da Colômbia. Disputou a Olimpíada do México e a Taça Libertadores, ambos em 1968. Chegou a ser comparado com Rivellino, em razão do potente chute de canhota, dos lançamentos açucarados e dos passes milimétricos, suas principais características. Com ascendência asiática, o paulistano Ademir Ueta, que completará 60 anos no próximo dia 3 de outubro, ganhou o apelido de China ainda na infância e começou a jogar futebol no Nacional, de Rudge Ramos, depois atuou no Meninos e no Flamengo, ambos de São Bernardo do Campo, onde morava. Gengo, um ex-jogador do Palmeiras e amigo do técnico Mário Travaglini, conhecia o pai de China, Sukao, e indicou o garoto para testes no Parque Antártica.
Defendendo o Verdão, arrebentou no Paulista Juvenil, e foi convocado por Mário Travaglini para disputar o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, no Mineirão, em Belo Horizonte, realizado em fevereiro de 1967. Na estréia, já deixou seu cartão de visita, fazendo um dos gols na vitória paulista por 3 a 1 sobre Pernambuco. Depois, marcou mais seis, no massacre de 9 a 0 sobre o Amapá, e teve participação fundamental nos 3 a 0 contra os mineiros, anotando o terceiro tento. Na final, São Paulo ganhou do Rio de Janeiro por 1 a 0. Em grande fase, foi relacionado pelo técnico Antoninho para atuar na Seleção Brasileira de Amadores (sub-20), que disputou o Campeonato Sul-Americano, no Paraguai. Depois, o técnico Alfredo Gonzales passou a convocá-lo com freqüência para os jogos do time principal do Palmeiras, que contava com Dudu, Ademir da Guia, Djalma Santos, Servílio, Tupãzinho, Artime, Valdir Joaquim de Moraes, Cabralzinho e outros monstros sagrados da velha “Academia de Futebol”.
Estreou entre os profissionais na vitória de 3 a 1 sobre o Estudiantes de La Plata, da Argentina, dia 7 de maio de 1968, ao entrar no lugar de Servílio, no segundo jogo da semifinal da Libertadores. Na partida de ida, os argentinos haviam vencido por 2 a 1. Os platinos também ganharam o jogo desempate por 2 a 0, em Montevidéu, eliminando o Alviverde. Ainda novato entre as estrelas, China foi escalado por Gonzales para o jogo diante do Santos, domingo, dia 19 de maio de 1968, pela antepenúltima rodada do Paulistão. A equipe palmeirense já não tinha mais chances de conquistar o título, mas recebera uma mala preta, oferecida pelo Corinthians, único que podia tirar o caneco do Peixe. Logo no primeiro minuto da etapa complementar, China abriu o placar para o Verdão. Não demorou para o Santos reagir. Edu empatou aos 9, Pelé virou o marcador aos 14 e Toninho completou o resultado, aos 21 minutos. Final, 3 a 1 para a equipe santista, campeã em cima do Palmeiras, que terminou em 11º lugar entre os 14 participantes, à frente apenas de América, Juventus e Comercial.
Quando estava se firmando no Palestra Itália, precisou deixar o time para atender novo chamado da Seleção Brasileira. O time de “brotos” do Brasil conquistou o título do Torneio Pré-Olímpico da Colômbia e se classificou para a Olimpíada da Cidade do México, em 1968. Na competição azteca, o Brasil ganhou de 2 a 1 da Espanha, empatou em 1 a 1 com a Nigéria e perdeu de 3 a 1 para o Japão, caindo na primeira fase. A Hungria foi campeã olímpica no futebol, com a Bulgária faturando a prata e os japoneses, o bronze. “Os outros países levavam seus principais jogadores e o Brasil participava com novatos (sub-20)”, diz China.
Jogou em Portugal e na Venezuela
Após passar por Guarani, Marília, Catanduvense e Aliança Clube, China acertou com o Marítimo de Portugal. O clube da Ilha da Madeira comprou o passe dele junto ao Aliança de São Bernardo. “Fiquei dois anos atuando na Primeira Divisão do futebol português”, informa o meio-campista, que retornou ao time de Catanduva em 1981. “Perdemos a final da Intermediária (acesso ao Paulistão) para o São José, que subiu.” Só o campeão era promovido. Naquela época, já conciliava o futebol com o comércio de defensivos agrícolas, que abriu na Cidade Feitiço e possui até hoje. Mesmo assim, ainda se aventurou durante oito meses no Deportivo Português, da Venezuela. “Alguns dirigentes do clube venezuelano eram da Ilha da Madeira e não tive como recusar a oferta deles.” Jogou mais um ano no Grêmio e, em 1983, já no final da carreira, disputou o Paulista da Terceira Divisão pelo Monte Alto. “Só treinava à noite, duas vezes por semana”, diz. Casado com Fábia Zancaner, China é pai de Fabiano, Thaís, Rafael e Lara. Rafael Ueta, aliás, segue os passos do pai. Há cinco anos, ele atua na Ponte Preta.
Lesão e Exército atrapalham planos
Depois da temporada brilhante em 1968, China viveu um drama no ano seguinte. Ele tinha uma atrofia na perna direita em razão de uma fratura sofrida na adolescência, que necessitava de tratamento freqüente. Porém, retornou da seleção olímpica com uma luxação na clavícula e os médicos passaram a cuidar da contusão nova e “esqueceram-se” da antiga. Para agravar a situação, teve que prestar o serviço militar. E na época da ditadura não havia moleza pra ninguém. “Explicava o meu problema ao capitão Juarez, mas ele achava que era desculpa para eu ser dispensado e não me liberava”, recorda. Recuperou-se, cumpriu sua obrigação com o Exército, mas perdeu espaço no Palmeiras em razão do longo período afastado.
Acabou emprestado ao Náutico do Recife, em 1970. No ano seguinte, foi cedido ao Grêmio Catanduvense, finalista do Paulista da Segunda Divisão. “Na última rodada da fase decisiva, já estávamos eliminados, mas ganhamos do Rio Preto, que ainda tinha chances, por 1 a 0”, relembra. Disputou parte do Paulistão de 1972 pelo Guarani e no segundo semestre transferiu-se para o Marília. Posteriormente, retornou ao Catanduvense, desta vez, em definitivo. Em 1974, o time de Catanduva foi campeão da Segunda Divisão, mas a Lei de Acesso havia sido suspensa pela Federação Paulista de Futebol. China ficou no Grêmio até 1975. Treinou dois meses no Boca Juniors, da Argentina, em 1976, mas o prazo de inscrição para o campeonato nacional já havia terminado. Depois, chegou ao quadrangular decisivo da Divisão de Acesso, com o Aliança Clube, de São Bernardo do Campo. Quem subiu foi o XV de Jaú. Santo André e Barretos eram os outros finalistas.
Defendendo o Verdão, arrebentou no Paulista Juvenil, e foi convocado por Mário Travaglini para disputar o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, no Mineirão, em Belo Horizonte, realizado em fevereiro de 1967. Na estréia, já deixou seu cartão de visita, fazendo um dos gols na vitória paulista por 3 a 1 sobre Pernambuco. Depois, marcou mais seis, no massacre de 9 a 0 sobre o Amapá, e teve participação fundamental nos 3 a 0 contra os mineiros, anotando o terceiro tento. Na final, São Paulo ganhou do Rio de Janeiro por 1 a 0. Em grande fase, foi relacionado pelo técnico Antoninho para atuar na Seleção Brasileira de Amadores (sub-20), que disputou o Campeonato Sul-Americano, no Paraguai. Depois, o técnico Alfredo Gonzales passou a convocá-lo com freqüência para os jogos do time principal do Palmeiras, que contava com Dudu, Ademir da Guia, Djalma Santos, Servílio, Tupãzinho, Artime, Valdir Joaquim de Moraes, Cabralzinho e outros monstros sagrados da velha “Academia de Futebol”.
Estreou entre os profissionais na vitória de 3 a 1 sobre o Estudiantes de La Plata, da Argentina, dia 7 de maio de 1968, ao entrar no lugar de Servílio, no segundo jogo da semifinal da Libertadores. Na partida de ida, os argentinos haviam vencido por 2 a 1. Os platinos também ganharam o jogo desempate por 2 a 0, em Montevidéu, eliminando o Alviverde. Ainda novato entre as estrelas, China foi escalado por Gonzales para o jogo diante do Santos, domingo, dia 19 de maio de 1968, pela antepenúltima rodada do Paulistão. A equipe palmeirense já não tinha mais chances de conquistar o título, mas recebera uma mala preta, oferecida pelo Corinthians, único que podia tirar o caneco do Peixe. Logo no primeiro minuto da etapa complementar, China abriu o placar para o Verdão. Não demorou para o Santos reagir. Edu empatou aos 9, Pelé virou o marcador aos 14 e Toninho completou o resultado, aos 21 minutos. Final, 3 a 1 para a equipe santista, campeã em cima do Palmeiras, que terminou em 11º lugar entre os 14 participantes, à frente apenas de América, Juventus e Comercial.
Quando estava se firmando no Palestra Itália, precisou deixar o time para atender novo chamado da Seleção Brasileira. O time de “brotos” do Brasil conquistou o título do Torneio Pré-Olímpico da Colômbia e se classificou para a Olimpíada da Cidade do México, em 1968. Na competição azteca, o Brasil ganhou de 2 a 1 da Espanha, empatou em 1 a 1 com a Nigéria e perdeu de 3 a 1 para o Japão, caindo na primeira fase. A Hungria foi campeã olímpica no futebol, com a Bulgária faturando a prata e os japoneses, o bronze. “Os outros países levavam seus principais jogadores e o Brasil participava com novatos (sub-20)”, diz China.
Jogou em Portugal e na Venezuela
Após passar por Guarani, Marília, Catanduvense e Aliança Clube, China acertou com o Marítimo de Portugal. O clube da Ilha da Madeira comprou o passe dele junto ao Aliança de São Bernardo. “Fiquei dois anos atuando na Primeira Divisão do futebol português”, informa o meio-campista, que retornou ao time de Catanduva em 1981. “Perdemos a final da Intermediária (acesso ao Paulistão) para o São José, que subiu.” Só o campeão era promovido. Naquela época, já conciliava o futebol com o comércio de defensivos agrícolas, que abriu na Cidade Feitiço e possui até hoje. Mesmo assim, ainda se aventurou durante oito meses no Deportivo Português, da Venezuela. “Alguns dirigentes do clube venezuelano eram da Ilha da Madeira e não tive como recusar a oferta deles.” Jogou mais um ano no Grêmio e, em 1983, já no final da carreira, disputou o Paulista da Terceira Divisão pelo Monte Alto. “Só treinava à noite, duas vezes por semana”, diz. Casado com Fábia Zancaner, China é pai de Fabiano, Thaís, Rafael e Lara. Rafael Ueta, aliás, segue os passos do pai. Há cinco anos, ele atua na Ponte Preta.
Lesão e Exército atrapalham planos
Depois da temporada brilhante em 1968, China viveu um drama no ano seguinte. Ele tinha uma atrofia na perna direita em razão de uma fratura sofrida na adolescência, que necessitava de tratamento freqüente. Porém, retornou da seleção olímpica com uma luxação na clavícula e os médicos passaram a cuidar da contusão nova e “esqueceram-se” da antiga. Para agravar a situação, teve que prestar o serviço militar. E na época da ditadura não havia moleza pra ninguém. “Explicava o meu problema ao capitão Juarez, mas ele achava que era desculpa para eu ser dispensado e não me liberava”, recorda. Recuperou-se, cumpriu sua obrigação com o Exército, mas perdeu espaço no Palmeiras em razão do longo período afastado.
Acabou emprestado ao Náutico do Recife, em 1970. No ano seguinte, foi cedido ao Grêmio Catanduvense, finalista do Paulista da Segunda Divisão. “Na última rodada da fase decisiva, já estávamos eliminados, mas ganhamos do Rio Preto, que ainda tinha chances, por 1 a 0”, relembra. Disputou parte do Paulistão de 1972 pelo Guarani e no segundo semestre transferiu-se para o Marília. Posteriormente, retornou ao Catanduvense, desta vez, em definitivo. Em 1974, o time de Catanduva foi campeão da Segunda Divisão, mas a Lei de Acesso havia sido suspensa pela Federação Paulista de Futebol. China ficou no Grêmio até 1975. Treinou dois meses no Boca Juniors, da Argentina, em 1976, mas o prazo de inscrição para o campeonato nacional já havia terminado. Depois, chegou ao quadrangular decisivo da Divisão de Acesso, com o Aliança Clube, de São Bernardo do Campo. Quem subiu foi o XV de Jaú. Santo André e Barretos eram os outros finalistas.
PALMEIRAS - O zagueirão Osmar puxa a fila no treino físico realizado no estádio Palestra Itália, em São Paulo, seguido por Ademir da Guia, China, Jorge e Galiardo (coçandoo pescoço). Aos 19 anos de idade, o meia-esquerda China já integrava o quadro esmeraldino. Ele disputou o Paulistão e a Libertadores de 1968 |
DESFILE - China durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos da Cidade do México, em 1968. O Brasil foi eliminado na primeira fase |
OLIMPÍADA - Seleção Brasileira que disputou os Jogos na Cidade do México. De pé: Marão (técnico), Lauro, Tião, Nocaute Jack, Manoel Maria, Arnaldo, Getúlio, Ferreti, Almeida, Raul Marcel,Toninho II e Jorge; agachados: Dionízio, Luís Henrique, Dutra, Plínio, Moreno, Hamilton, Cláudio Deodato, Miguel e China |
MARÍTIMO - Integrante da 1ª Divisão de Portugal, o clube da Ilha da Madeira, contou com o meia da região entre 1978 e 1981. De pé, a partir da esquerda:Noêmio, Olavo, Ferro, Fernando e Osvaldinho; agachados: Valter, Mariano, Eduardo Luis, Eduardinho, China e Dejair |
CATANDUVENSE - Pelo clube de Catanduva, China jogou entre 1971 e 1975, conquistando o título da Segundona de 1974. De pé, a partir da esquerda: Moacir, Tércio, Pedrinho, Zé Carlos, Rafael e Fred; agachados: Arnaldo, Maritaca, Gilberto, China e Rogério Créditos : Diarioweb - Flash bola |
Nenhum comentário:
Postar um comentário