Conheça um pouca da história de Evaldo , que vestiu a camisa do MAC na década de 70
Raul, Pedro Paulo, Willian, Procópio e Neco; Piazza; Natal,Tostão, Evaldo, Dirceu Lopes e Hilton Oliveira. Uma escalação que a maioria dos cruzeirenses sabe de cor, mesmo quem não viu. Este time encantou o Brasil, quando desbancou o Santos, de Pelé, no Mineirão e no Pacaembu, vencendo a Taça Brasil de 1966.
A equipe não alegrou apenas quem a assistiu, mas também quem teve o prazer de fazer parte dela, como o ex-centroavente, Evaldo.
“O Cruzeiro era uma beleza, era uma família, a maioria da mesma idade. Uma turma boa, todo mundo reunido. O treinamento da gente parecia brincadeira de criança”, relata com satisfação.
O início
Evaldo Cruz (foto), natural de Campos-RJ, começou sua carreira no Americano local, em 1958. Três anos depois (61), se transferiu para o Fluminense.
No tricolor ficou até 1966, quando veio para o Cruzeiro. “Eu vim pro Cruzeiro, por que não queria ficar no Fluminense. Sairia para qualquer time, mas lá eu não queria ficar”, desabafa, referindo-se ao problema que teve no clube carioca.
foto:www.mafiaazul.com.br
Evaldo disse que quando subiu para o profissional, queriam lhe pagar menos que outro jogador (o ex-ponta esquerda, Gilson Nunes), da mesma categoria dele.
“Na época, era comum todos os jogadores receberem a mesma quantia, por isso não aceitei. Quando você está no clube, acha que é da família, mas na verdade não é”, reclama, declarando-se torcedor do Fluminense.
Por ironia, Evaldo veio para o Cruzeiro ganhando menos que ganharia no Fluminense, mas em paz com a sua personalidade. “Desde menino, sempre tive opinião e mantive meus pontos de vista”, orgulha-se.
A chegada à nova casa
Quando chegou a Belo Horizonte, Evaldo encontrou um clube com estrutura precária e inferior ao Fluminense.
“A gente treinava num campinho no Barro Preto. O material era ruim e quando chovia piorava, pois pesava no corpo, sem contar que cada jogador só tinha um chuteira. Mas dentro de campo, as dificuldades eram deixadas de lado em virtude do prazer que tínhamos em estarmos juntos e jogar futebol”.
Dentro de campo as coisas eram diferentes, pois o time era muito bom. Evaldo lembra que quando eles iam jogar em São Paulo eram menosprezados por serem de Belo Horizonte, fato que ocorre até hoje.
Depois do título de 66 a torcida do Cruzeiro começou a aumentar e também o assédio, mas nada se compara aos dias de hoje. “Passaram a nos tratar como se fôssemos artistas, uma coisa superior, mas fora de campo ainda éramos tratados como marginais. Os pais não gostavam que suas filhas se envolvessem com jogadores de futebol”, diz.
Peregrinação
Evaldo jogou no Cruzeiro de 66 a 71, quando teve uma grave contusão. Ao se recuperar, foi emprestado ao Marília(1974), onde ficou por seis meses, passou pelo ESAB, de Contagem e retornou ao Cruzeiro em 74, mas já não contava com a confiança dos diretores.
“Quando retornei do empréstimo os diretores não queriam fazer contrato comigo, mas o Zezé Moreira, insistiu com eles para que me contratassem. Ele já me conhecia da época do Fluminense”, revela.
Em 1977 Evaldo foi jogar no Deportivo Italia, da Venezuela e por lá encerrou sua carreira, aos 32, devido a inúmeras contusões.
Fim de carreira
Na época, tinha, dentre outras coisas, três apartamentos, mas não pode se dar ao luxo de parar de trabalhar. Entrou como sócioem um loja de escapamentos, mas logo depois desfez a parceria.
Tentou a carreira de treinador, assumindo o América-MG, em 1979, mas ficou por pouco tempo, devido a uma “sacanagem que os jogadores fizeram comigo”.
Depois se tornou treinador das categorias de base de clubes como Santa Tereza, Cruzeiro, Atlético e Villa Nova. Foi auxiliar de Mauro Fernandes no Botafogo-RJ, Sport Recife e América-MG.
“Eu ainda precisava trabalhar, mas quando encerrei a carreira não tive nenhum trauma. Sempre soube que uma hora isso teria que acontecer e por sempre ter levado uma vida humilde, não tive problemas”, afirma.
Preconceito no futebol
Evaldo se irrita um pouco quando toca em um assunto delicado. “Se eu fosse branco, já teria treinado o Cruzeiro ou o Atlético. Quantos treinadores negros você conhece”? Pergunta com certa indignação.
“Só me lembro, no momento, do Lula Pereira, que é um bom treinador, mas, mesmo assim, veio treinar time grande há pouco tempo”.
Para ele, os clubes também não dão muito apoio aos ex-atletas. “O Cruzeiro começou um trabalho de marketing bacana, convidando ex-atletas para participarem da Tribuna Azul (nos jogos do time, no Mineirão), mas isso é recente.
Já o Atlético dá mais apoio colocando ex-jogadores para trabalhar” citando, Getúlio, Batista, Éverton, Ângelo, entre outros.
MAC 1974 :
Santana, Cardosinho, Ademir, Tinho, Mineiro e Neuri em pé e Caldeira, Toninho II, Itamar, Evaldo e Toninho I agachados.Créditos : site Bola na Rede.
Em pé : Pedro Pavão(presidente), Cardoso, Ademir, Tinho, Dorival, Mineiro e Neuri , Walter Miraglia (treinador), Furlanetto (prep. Fisico) e Airton Germano (diretor); Agachados : Toninho, Zé Carlos, Itamar , Evaldo e Caldeira.
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