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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Waldo "o Formiguinha" - MAC 1986 e 1987


Waldo, o “formiguinha” como era conhecido, é mais um dos tantos eternos campeões do Joinville Esporte Clube. Um craque, apontado como o sucessor de ninguém menos que Zico, transferiu-se para o Joinville em 1980, aonde viria a conquistar todos os campeonatos estaduais que disputou pelo Tricolor.
Com sua voz calma e tímida, mas com uma grande simpatia e humilde, Waldo concedeu uma entrevista exclusiva para a equipe do Site Oficial do JEC, na Arena Joinville. Ele chegou caminhando com um pouco de dificuldade, disse ter problemas no joelho esquerdo. São sequelas de duas cirurgias que fez nos tempos em que jogava futebol e que agora, depois de muitos anos, o impedem de andar normalmente.
Desejamos a Waldo melhoras em seu joelho e muitas alegrias em seu futuro, tantas quanto as alegrias que deu a torcida do JEC nos tempos em que demonstrava toda a sua habilidade com a bola nos pés e camisa 10 do Tricolor da Manchester Catarinense.
A entrevista
Nome Completo: Waldo da Silva Souza.
Idade: 54 (faz aniversário no próximo dia 27/08).
Natural: Rio de Janeiro/RJ.
Casado: Sim.
Profissão Atual: Supervisor na Fundação Municipal de Esportes.
Filhos: Possui três filhos (30, 28 e 23 anos).
Clubes que defendeu:
C.R. Flamengo/RJ; E.C. Vitória/BA; E.C. Bahia; Campo Grande A.C./RJ; Joinville E.C.; E.C. Pinheiros/PR (um dos clubes que deu origem ao Paraná Clube); Avaí F.C; Criciúma E.C; Marília A.C./SP e América F.C./RJ.
Posição que atuava:
Era Meia. Alguns técnicos insistiam em colocá-lo na Ponta-Esquerda, posição que nunca gostou de jogar. Mas também chegou a atuar como “quarto-homem”, equivalente à posição de volante nos dias atuais.
Estilo de jogo:
Era jogador de muita habilidade e segundo Waldo, jogava o “futebol moderno” pois corria o campo todo. Errava poucos passes e era bom lançador. Tinha um chute forte e preciso, sempre arriscava chutar de longe. Waldo também era muito bom em bolas paradas, sempre cobrava as faltas e escanteios.
A trajetória como jogador:
Começou jogando futebol, ainda menino, na escolinha do Flamengo/RJ, onde passou por várias categorias da base do rubro-negro. Ainda junevil, foi emprestado ao Vitória/BA no ano de 1976 para disputar o Campeonato Brasileiro entre os jogadores profissionais.
Waldo explica que nessa época, a profissão de jogador de futebol ainda não era regulamentada. Só seria regulamentada em 1979, e por isso, Waldo não tem o registro em sua Carteira de Trabalho, dos anos que defendeu o Vitória e nem o Flamengo, como juvenil.
Retornou ao Flamengo em 1977, onde se profissionalizou. Foi emprestado ao Bahia no final de 1978, retornando ao clube carioca em 1979. Em 1980, disputou o campeonato estadual pelo Campo Grande/RJ, numa parceria em que Flamengo cedeu vários atletas por empréstimo.
Quando retornou novamente ao Flamengo, o JEC acertou a sua contratação, onde jogou de 1980 a 1983. Depois jogou no Pinheiros/PR de 1983 a 1984. Teve uma curta passagem de apenas quatro meses pelo Avaí em 1984. Em 1985, defendeu o Criciúma. Em 1986 e 1987 defendeu o Marília/SP. E finalmente encerrou sua carreira de jogador, ainda em 1987, defendendo o América/RJ.




Waldo e suas faixas de campeão que conquistou com o JEC. Em destaque a de 82, ano do título que considera mais difícil.
Waldo e suas faixas de campeão que conquistou com o JEC. Em destaque a de 82, ano do título que considera mais difícil.

Como chegou a Joinville:
Waldo diz que dois clubes pretendiam contratá-lo em 1980, eram Joinville e Maringá. Mas como era muito amigo de Zico e seu irmão Edu Antunes (que jogou no Joinville em 1977 e ainda viria a ser treinador do JEC em 1987), eles lhe deram boas recomendações do JEC, pois conheciam o clube e a cidade.
Ele conta ainda, que o JEC, apesar de ser um clube novo na época, já era um clube referência no Sul do país, o que também pesou na decisão de vir para Joinville. Conta que a cidade de Joinville era conhecida nacionalmente por causa do futebol.
Foi contratado pelo JEC numa negociação que envolveu a troca do lateral Carlos Alberto. Permaneceu no clube até 1983, quando o JEC vendeu seu passe ao Pinheiros. Nos quatro anos que esteve no JEC, era o dono da camisa 10 e conquistou todos os estaduais que disputou.
A torcida do JEC:
Waldo conta que os jogos no Ernestão sempre tinham bons públicos: “Qualquer joguinho era casa cheia. Podia vir o Flamengo ou a Caçadorense que o campo enchia. O pessoal de cidades vizinhas como São Bento, Jaraguá e São Francisco do Sul vinha assistir os jogos”. Ele conta que a torcida apoiava e dava confiança para ganhar os jogos.




Waldo, Sucessor de Zico e Formiguinha
Waldo, Sucessor de Zico e Formiguinha

Sucessor de Zico
No Flamengo, Waldo era apontado como o futuro sucessor de Zico. Eles já se conheciam desde as categorias de base, mas Waldo sempre esteve numa categoria abaixo, pois Zico era mais velho. Os dois atuavam na mesma posição e sempre que Zico subia de categoria, Waldo também era promovido à categoria seguinte.
Na equipe principal do Flamengo, Waldo disputava a posição com Zico, só que não tinha muita chance. Mas ele conta que sempre substituía Zico nos jogos e toda vez ele estava suspenso ou era convocado para a Seleção Brasileira, era Waldo que assumia a camisa 10 da equipe rubro-negra.
Mais tarde, o craque Tita também viria a disputar a mesma posição no time. Com a saída de Waldo do Flamengo, Tita passou a ser o substituto imediato de Zico.
O “Formiguinha”:
Waldo era um jogador magro e franzino, de pouca compleição física. E como corria o campo todo, ficou conhecido no Joinville como “Formiguinha”.
Lourival Budal, falecido locutor de rádio que narrava os jogos do JEC com tamanha emoção, foi quem lhe deu o apelido.
Grandes Craques: 
Waldo lembrou vários craques com quem jogou nos tempos de Flamengo: Zico, Tita, Adílio, Andrade, Júnior (capacete), Júlio Cesar (ponta esquerda), Carlos Alberto Torres, Carpegiane, Claudio Adão, Edu Antunes.
Waldo conta também que é muito amigo de Wanderlei Luxemburgo, amizade cultivada desde os tempos em que jogavam juntos no Flamengo. Recentemente, em uma conversa com Luxemburgo, o treinador teria dito que se Waldo tivesse jogado futebol nos dias de hoje, certamente seria convocado para a Seleção Brasileira. Só não foi naquela época porque já havia vários outros craques que atuavam na mesma posição que ele.




 Da esquerda para direita, em pé: Borrachinha, Jorge Carraro, Vágner Bacharel, Ladinho, Jorge Luis Carneiro e Clóvis. Agachados: Raulino, Lico, Zé Carlos Paulista, Waldo e Ademir Padilha.
Da esquerda para direita, em pé: Borrachinha, Jorge Carraro, Vágner Bacharel, Ladinho, Jorge Luis Carneiro e Clóvis. Agachados: Raulino, Lico, Zé Carlos Paulista, Waldo e Ademir Padilha.

Lico:
Atuando pelo Vitória/BA, conheceu o jogador Lico quando ele foi fazer testes lá no clube baiano, mas Lico não foi aprovado, voltando para Santa Catarina. E quatro anos depois, Waldo viria a jogar ao lado de Lico no time do JEC.
Waldo aponta Lico como o melhor jogador que jogou ao seu lado no JEC e diz que fazia uma dupla muito boa com ele. Os dois entendiam muito bem dentro de campo, jogando futebol.
Atuaram juntos apenas em 80 e 81. No ano de 1981, Lico se transferiu para o Flamengo do Rio, aonde viria a ser campeão mundial ao lado de Zico e companhia.
Outros grandes craques do JEC:
Além de apontar Lico como o melhor jogador que atuou ao seu lado no JEC, Waldo lembrou outros grandes craques do passado Tricolor que também atuaram ao seu lado: Barbieri, Nardela, Zé Carlos Paulista, Paulinho Carioca, Vágner Bacharel, Jorge Luis Carneiro, Britinho, Jorge Carraro, Ademir Padilha, Ladinho…
Títulos:
Em toda a sua carreira, Waldo conquistou 6 títulos estaduais. Campeão Baiano em 1978, pelo Bahia. Campeão catarinense em 1980,81,82 e 83, pelo JEC. E Campeão Paranaense em 1984, pelo Pinheiros.
Waldo conta ainda, que no JEC, conquistou várias taças por conquistas de turnos, returnos e fases dentro dos campeonatos catarinenses da época. Eram tantas as taças que nem lembra quantas foram.
Título mais difícil:
Waldo conta que o título mais difícil que conquistou, foi o estadual de 1982, quando o JEC precisava empatar contra o Criciúma para ser campeão. Numa difícil partida que terminou em 1×1, o JEC comemorou o título dentro Estádio Heriberto Hülse. Curiosamente, ele considera esse time de 82 como o melhor time que ele formou no JEC.
Gols inesquecíveis:
Waldo conta que não era de marcar muitos gols. Com seus passes e lançamentos precisos, ele costumava deixar seus companheiros na “cara do gol”. Mas chegou a marcar dois gols que considera inesquecíveis.
Um gol olímpico contra o Criciúma pelo estadual de 81, dentro do Heriberto Hülse. Waldo marcou o primeiro na vitória por 3×0. Ele conta que o JEC tinha uma sequência de 3 jogos difíceis que precisava vencer. Blumenau e Criciúma fora, e Paysandu (de Brusque) em casa. O JEC venceu as três e conseguiu a classificação.
O outro gol foi num jogo contra o Figueirense, no Scarpelli. No último minuto da partida, Waldo acertou um chute forte de fora da área, no ângulo, sem chances para o goleiro. Vitória do JEC 1×0 que custou a demissão do técnico do Figueirense.
Waldo lembra também de um belo passe que deu para Zé Carlos Paulista marcar o gol da vitória num jogo contra o Santos, no Ernestão, pelo Brasileiro de 1981.
Lesões:
Waldo conta que teve que fazer duas cirurgias no joelho esquerdo durante a sua carreira. Na primeira, em 81 atuando pelo JEC, ficou 8 meses afastado.
O dia de seu retorno foi um fato muito marcante na carreira, pois Waldo conta que, como era um dos ídolos da torcida, havia uma grande expectativa pelo seu retorno. Muita gente foi ao estádio apenas para acompanhar o seu retorno aos gramados.
Mas diz que o retorno foi muito difícil porque estava sem ritmo de jogo e teve que atuar como volante, pois na meia, Barbieri tinha tomado a sua posição no time. Algum tempo depois recuperaria a posição novamente.
A outra cirurgia foi em 82, também atuando pelo JEC. Nessa, teve uma recuperação mais rápida, ficou afastado 40 dias.
Atualmente, Waldo caminha mancando um pouco, diz sofrer seqüelas das cirurgias que fez no joelho. Recentemente ele ganhou uma ação na justiça para receber indenização do INSS, considerando a lesão como acidente de trabalho.
Realizado como jogador:
Waldo se sente realizado como jogador de futebol. Ele conta que era de família humilde e foi criado no subúrbio do Rio de Janeiro. Jogar futebol foi um sonho de criança que conseguiu realizar e uma oportunidade que encontrou para vencer na vida.
Waldo conta que foi muito difícil se tornar jogador de futebol, pois havia muita concorrência, principalmente em um grande clube como o Flamengo, aonde muitos garotos vinham de todo o Brasil para tentar a sorte.
Porém, ele conta que jogador de futebol naquela época, não ganhava dinheiro como hoje em dia. E dificilmente algum jogador ia para o Exterior.
Jogos contra o JEC:
Quando esteve atuando pelo Avaí e Criciúma, chegou a jogar algumas partidas contra o JEC, mas conta que nunca conseguiu vencer o tricolor, nem marcar gols nesses jogos.
Fim de Carreira:
Waldo diz que poderia ter jogado por mais tempo, mas resolveu encerrar a carreira porque não tinha mais motivação. Como tinha 3 filhos pequenos e o futebol não lhe dava tanto dinheiro, resolveu abandonar a carreira aos 32 anos de idade.
Residência em Joinville:
Assim que encerrou a carreira no América/RJ, Waldo morou no Rio, sua cidade natal, por 3 anos. Mas como tinha muitos amigos na cidade, surgiu uma proposta de trabalho na prefeitura. E como já possuá um imóvel na cidade, resolveu mudar-se em difinitivo para Joinville, cidade que gosta muito.
O JEC hoje:
Waldo tem acompanhado pouco o JEC ultimamente, mas diz que gosta muito do clube. É amigo pessoal de Fontan e torce pelo seu sucesso como diretor no clube.
Para Waldo, o JEC está certo em investir nas categorias de base. Ele diz que como o clube está sem divisão, os bons jogadores não vão querer vir para o JEC, preferem clubes de série A, B ou C.
Ele diz que a história do JEC é muito bonita, clube nenhum em Santa Catarina possui. No entanto, fica triste com o atual momento, vendo muitos outros clubes do estado numa situação melhor. Mas acredita que o JEC ainda volte a ser o maior do estado.
Waldo confia no trabalho do treinado Ramirez frente ao JEC. E diz que Ramirez é seu amigo e também jogaram juntos no Flamengo.
Mensagem para torcida:
Ele diz que a torcida que vai ao estádio, espera ver o JEC vencedor novamente, claro, mas deve ter paciência. A imprensa tem papel importante nisso, ela deve motivar o torcedor.
Como já foi jogador, Waldo diz que nenhum atleta gosta de jogar sob vaias “Não adianta vaiar ou chingar. Se quiser protestar, fique em casa. A melhor maneira de protestar é não vir ao estádio”.
Waldo ressalta que o JEC tem uma história bonita: 12 títulos em pouco mais de 30 anos. Coisa que poucos clubes possuem no Brasil.

FONTE : jec